Na manhã desta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará o discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O evento é considerado o mais importante encontro diplomático do calendário internacional e reúne líderes e representantes dos 193 Estados-membros para discutir os principais desafios globais, como guerras, crises humanitárias, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável. A sessão inaugural costuma atrair atenção especial, já que define o tom dos debates ao longo da semana. Como ocorre tradicionalmente, Lula abrirá o encontro e, logo em seguida, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursará representando o país anfitrião, em uma ordem que confere grande visibilidade às falas iniciais.
O privilégio de abrir a Assembleia foi concedido ao Brasil de maneira permanente a partir de 1955, consolidando-se como uma das marcas da diplomacia brasileira. Essa tradição tem diferentes explicações. Uma das mais aceitas é a de que, nas primeiras edições, quando os demais países relutavam em assumir a fala inicial, os representantes brasileiros se voluntariavam, ganhando destaque e respeito pela disposição em inaugurar os trabalhos. Outra versão aponta que a escolha foi uma forma de reconhecer a postura neutra do Brasil durante a Guerra Fria, período em que o clima de tensão entre Estados Unidos e União Soviética tornava arriscado oferecer o posto inaugural a um dos lados. Com o tempo, o gesto se transformou em tradição e passou a ser visto como um símbolo da vocação do Brasil para o diálogo e para a busca de consensos internacionais.
Os Estados Unidos, por serem o país anfitrião da ONU, têm o direito de falar logo depois do Brasil, garantindo sempre ao presidente norte-americano uma das posições de maior destaque da sessão. O discurso do líder dos EUA é acompanhado de perto pela imprensa internacional e pelos demais chefes de Estado, já que frequentemente traz anúncios de políticas externas, posicionamentos estratégicos e recados para rivais e aliados. Essa ordem dos pronunciamentos se manteve estável ao longo das últimas décadas, com poucas exceções decorrentes de atrasos protocolares. Assim, a fala norte-americana, sempre em sequência direta ao Brasil, reforça a centralidade dos EUA no cenário internacional, enquanto projeta a Assembleia como palco privilegiado para disputas diplomáticas e demonstrações de poder global.