A Flórida registrou uma redução significativa na população em situação de rua em 2025: uma queda de 9,3% no total, e impressionantes 19,4% entre pessoas que dormem ao relento, de acordo com relato do Conselho de Homelessness do estado. Esses resultados são atribuídos a investimentos públicos direcionados, em especial por meio do programa Challenge Grant, que financia abrigos, serviços de acolhimento e iniciativas de reintegração socia. Apesar desse avanço, especialistas alertam que a redução oficialmente registrada pode ser influenciada por efeito desestímulo, já que muitas pessoas deixaram de contar como “não abrigadas”, seja por aceitarem alternativas informais ou por evitarem os pontos de contagem.
Em paralelo às conquistas, o estado implementou a lei HB 1365, que criminaliza o ato de dormir ou acampar em espaços públicos sem permissão, em vigor desde 1º de janeiro de 2025. A norma permite o uso exclusivo de áreas designadas por municípios, com prazo máximo de um ano e restrições rígidas, e impõe penalidades civis caso haja descumprimento. Embora defendida como medida para manter a ordem pública, a legislação enfrentou críticas por forçar autoridades locais a alocar recursos à fiscalização e penalização, muitas vezes sem estrutura suficiente para assistência efetiva.
Profissionais que atuam com atendimento às pessoas em situação de rua apontam que a lei pode gerar criminalização da vulnerabilidade, reduzindo a confiança entre comunidades sem-teto e equipes de assistência. Relatos indicam que o clima de punição empurrou muitos sem-teto para áreas remotas, dificultando a oferta de serviços de acolhimento e prolongando o ciclo da invisibilidade social. Teóricos e ativistas recomendam uma estratégia mais equilibrada que priorize o acesso à moradia digna e não apenas medidas repressivas com investimentos permanentes em programas como o “Housing First”.
