Uma investigação da agência Associated Press revelou uma operação secreta dos Estados Unidos que tinha como objetivo capturar o presidente venezuelano Nicolás Maduro. O plano envolvia convencer o piloto-chefe de Maduro, o general Bitner Villegas, a desviar o avião presidencial para um território onde autoridades americanas pudessem efetuar a prisão. O agente federal Edwin Lopez, responsável pela abordagem, prometeu ao piloto uma recompensa milionária e garantias de segurança nos EUA. A proposta foi feita durante um encontro reservado em um hangar na República Dominicana, após a descoberta de que aeronaves usadas por Maduro estavam sendo reparadas no país, o que, segundo a lei americana, violava sanções impostas à Venezuela.
De acordo com a reportagem, Lopez obteve permissão para interrogar pilotos venezuelanos, entre eles Villegas, que fazia parte da guarda de honra presidencial e pilotava os jatos oficiais do presidente. Durante as conversas, o agente fingiu não saber da ligação dos aviadores com Maduro até chegar ao alvo principal. Depois de confirmar que o general já havia pilotado tanto para Chávez quanto para Maduro, Lopez fez a proposta direta: levar o avião para locais como Porto Rico, República Dominicana ou Guantánamo, onde os EUA poderiam prender o líder venezuelano. Em troca, Villegas receberia uma grande quantia em dinheiro e seria tratado como um herói nacional por “ajudar a libertar a Venezuela”.
A operação, no entanto, não teve sucesso. Villegas retornou à Venezuela sem aceitar o acordo, e as aeronaves foram posteriormente apreendidas pelo governo americano em duas etapas: em setembro de 2024 e fevereiro de 2025. Mesmo após se aposentar, Lopez continuou tentando contato com o piloto, enviando mensagens pelo WhatsApp e Telegram nas quais prometia fortuna e proteção caso colaborasse. Em uma delas, o agente anexou o anúncio do Departamento de Justiça dos EUA, que havia elevado a recompensa pela captura de Maduro para US$ 50 milhões. “Ainda há tempo para ser o herói da Venezuela”, escreveu Lopez. Villegas, porém, nunca respondeu novamente e bloqueou o agente, encerrando qualquer possibilidade de cooptação.