O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, afirmou que o governo norte-americano está interessado em garantir acesso a minerais críticos brasileiros. A declaração foi feita durante reunião com representantes do setor mineral e do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em Brasília. Escobar destacou a importância de ampliar a cooperação bilateral na área de transição energética, com foco em matérias-primas como nióbio, lítio, cobre, cobalto e terras raras — recursos considerados estratégicos para tecnologias como baterias, semicondutores e energias renováveis.
O presidente do Ibram, Raul Jungmann, reforçou que qualquer negociação envolvendo a exploração ou exportação de minerais estratégicos deve ser conduzida exclusivamente pelo governo federal, como determina a Constituição, que classifica esses bens como patrimônio da União. Ele também afirmou que o setor privado brasileiro está aberto ao diálogo com investidores estrangeiros, desde que respeitados os marcos legais e ambientais do país. O encontro ocorreu em meio a um momento delicado nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, marcado pelo aumento de tarifas americanas sobre o aço e o alumínio brasileiros, que entram em vigor em 1º de agosto.
O Brasil possui uma posição de destaque global na produção de minerais estratégicos, com cerca de 10% das reservas mundiais conhecidas, sendo o principal detentor de nióbio e ocupando papel relevante em terras raras, grafite, lítio e níquel. O interesse dos Estados Unidos nesses recursos está inserido em um esforço mais amplo de reduzir a dependência de cadeias de suprimento dominadas por países como a China. Segundo especialistas, essa movimentação pode abrir novas oportunidades para o Brasil, mas também exige atenção às condições de acesso, soberania e agregação de valor à produção nacional.