O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, repudiou nesta quarta-feira as recentes tarifas impostas unilateralmente pelos Estados Unidos e classificou a medida como “arbitrária” e anunciada de forma “caótica”, sem diálogo prévio. Em carta endereçada à embaixada dos EUA em Brasília, diplomatas brasileiros afirmam que o pacote contrário às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) ameaça a previsibilidade das relações comerciais internacionais e pode gerar graves consequências para exportadores nacionais e a economia global.
Em resposta ao movimento norte-americano, o Brasil solicitou formalmente que a questão seja levada à pauta do Conselho-Geral da OMC na reunião desta semana com o objetivo de preservar o sistema multilateral baseado em regras. Paralelamente, o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços propuseram uma conversa com os EUA, buscando reverter ou mitigar as tarifas de até 50% sobre produtos como aço, alumínio, veículos e outros bens brasileiros. O vice‑presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil trabalha para reverter as medidas “o mais rápido possível”, inclusive com possibilidade de solicitar prorrogação do prazo de vigência da cobrança.
Embora o ministério defenda o uso de mecanismos de retaliação previstos por lei, incluindo a imposição de tarifas equivalentes sobre produtos norte-americanos, o Itamaraty enfatizou que prefere resolver a disputa por meio de negociações diretas, sem escalada unilateral. A estratégia inclui o envio de uma carta formal propondo a formação de comitê conjunto entre ministérios relacionados ao comércio e setores industriais para uma possível negociação até o prazo de aplicação, em 1º de agosto. A abordagem visa evitar escalada de tensionamentos e preservar a estabilidade da relação econômica entre Brasil e Estados Unidos no médio e longo prazo.