O dólar comercial iniciou o pregão em forte alta nesta quinta-feira, com valorização superior a 1,9% e negociações oscilando entre R$ 5,60 e R$ 5,62. A disparada ocorre em reação direta ao anúncio feito pelo presidente Donald Trump ao presidente Lula sobre a decisão de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. A justificativa apresentada por Trump está relacionada a decisões do Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e ao que ele chamou de “censura ilegal” a plataformas digitais norte-americanas. No mercado futuro, os contratos de dólar com vencimento em agosto chegaram a ultrapassar R$ 5,611, refletindo uma pressão adicional sobre a moeda brasileira e indicando que os agentes de mercado estão precificando um cenário de conflito comercial duradouro entre os dois países.
O efeito da medida não se limitou ao câmbio: os mercados de ações e juros também foram severamente impactados. O Ibovespa registrou queda superior a 2,4% nas primeiras horas da manhã, com investidores reagindo negativamente ao risco de uma desaceleração do comércio exterior e à possibilidade de medidas retaliatórias por parte do Brasil. A Bolsa de Valores (B3) operou com forte volatilidade, e o índice à vista caiu aproximadamente 1,3% ao longo do dia, refletindo a fuga de capitais estrangeiros e a redução de apetite ao risco. Ao mesmo tempo, a curva de juros futuros apresentou forte inclinação, com destaque para altas expressivas nos contratos com vencimentos mais longos, demonstrando uma reprecificação das expectativas de inflação e crescimento. Esse cenário pressiona ainda mais o Banco Central, que já enfrentava críticas quanto ao espaço para reduzir a taxa Selic diante de um ambiente fiscal fragilizado. A percepção de risco Brasil aumentou substancialmente após o anúncio das tarifas, criando um ambiente de instabilidade mais amplo.
No mercado à vista, o real teve uma desvalorização próxima de 2%, alcançando as maiores cotações desde o final de junho, o que evidencia a deterioração da confiança no cenário macroeconômico nacional. A resposta do governo brasileiro foi rápida: o Ministério da Fazenda e o Itamaraty já sinalizaram que utilizarão a Lei de Reciprocidade Econômica para impor tarifas equivalentes sobre produtos norte-americanos, caso a medida de Trump entre em vigor. Essa sinalização aumentou o temor de uma guerra comercial aberta entre Brasil e Estados Unidos, dois parceiros com relações comerciais bilionárias. A combinação de tarifa, dólar alto e instabilidade política internacional deve manter os mercados voláteis e os agentes econômicos cautelosos nas decisões de investimento.